quinta-feira, 21 de junho de 2012

IRMÃS FRANCISCANAS DÃO ADEUS A BARROSO

No terreno doado pela Paróquia de Sant'Ana situado à Praça do Rosário, em Barroso, a LBA - Legião Brasileira de Assistência investiu no Posto de Puericultura e Maternidade. O Pároco Padre Luiz Giarola Carlos criou em 1958, com o apoio do primeiro prefeito Geraldo Napoleão de Souza, o Instituto Nossa Senhora do Carmo, entidade filantrópica responsável pela manutenção do Posto de Puericultura e Maternidade, que se transformaria depois em um Hospital Geral.


O nome Instituto Nossa Senhora do Carmo foi sugestão do Padre Luiz, que era devoto daquela Santa. Com o tempo, a Igreja Católica foi criando centenas de Hospitais pelo Brasil, os quais, quase sempre, eram coordenados pelas irmãs de caridade.

O Padre Luiz procurou então as Irmãs Camilianas para dirigir o Hospital em Barroso, mas não teve sucesso em sua empreitada. Visitando a sua irmã Dª Emília no Hospital Felício Roxo em Belo Horizonte, encontrou-se com a Madre Superiora da Congregação Franciscana, que desenvolvia os seus trabalhos naquele Hospital. Nessa oportunidade, o Padre Luiz aproveitou para propor que a Congregação das Irmãs Franciscanas viesse também coordenar o Hospital em Barroso e criar aqui o seu convento. Dessa vez o Padre obteve sucesso.

No dia 4 de outubro de 1959, dia de São Francisco, com grande júbilo era inaugurado o Posto de Puericultura e Maternidade em Barroso, mantido pelo Instituto Nossa Senhora do Carmo e coordenado pelas Irmãs Franciscanas. Em seguida a Congregação fez o investimento no prédio para acolher o Convento. Foi um magnífico trabalho desenvolvido pelas Irmãs na Saúde, na Religião, na Educação e na Assistência Social. O Ginásio São José contou com o apoio da Irmã Valéria, professora de matemática, da Irmã Fidélia, professora de Português, Irmã Lourenza, professora de inglês e Frei Godoberto que também lecionou Inglês. Tive o privilégio de tê-los como meus professores e guardo até hoje os ensinamentos que marcaram a minha vida.

Sob a orientação da Irmã Genoveva foi criada a União da Juventude Barrosense, da qual tive a honra de ser um dos seus fundadores e seu Presidente, quando realizamos um profícuo e inesquecível trabalho. Ainda no campo da educação e no campo social, destaco a Irmã Magdaline, incansável e destemida, que trouxe os recursos para a construção da Escola que tem o seu nome no Bairro Josefina Coelho.

É muito interessante observar que à medida que as Irmãs foram contribuindo para a formação intelectual da juventude, elas foram cedendo os seus espaços no Hospital e na educação, para os profissionais que foram se formando. Várias das Irmãs partiram para outras regiões mais carentes como no Vale do Jequitinhonha, para exercer o trabalho missionário e social nas áreas da educação e da saúde.

Outro fato importantíssimo é que mesmo reduzindo os seus quadros em Barroso, a Congregação das Irmãs Franciscanas continuaram antenadas às atividades do Instituto Nossa Senhora do Carmo, oferecendo apoios financeiros que nos permitiu entre outros benefícios, a construção do poço artesiano do Hospital em 1993, com capacidade de geração de 20.000 litros de água por hora, ou seja, suficiente para atender o Hospital nos próximos 100 anos. O Hospital tem hoje apenas uma pena de água da COPASA, pagando o mínimo de, aproximadamente, R$25,00 mensais. Se toda água fosse fornecida pela COPASA, gastaríamos R$3.000,00 mensais.

Ainda sobre investimento, a Congregação não se esqueceu do Lar Nossa Senhora de Fátima, presenteando o Asilo com a Kombi que ainda presta serviços e garantindo os recursos para várias reformar daquele Lar de idosos.

Nessa segunda-feira, dia 25 de junho de 2012, as últimas Irmãs Franciscanas deixam definitivamente Barroso, saindo discretamente e sem alarde.

No dia 22 de junho de 2012, como Presidente do Instituto Nossa Senhora do Carmo, enviei a elas a seguinte mensagem:

À Congregação das Irmãs Franciscanas

Recordar é viver.

Muito do que vivemos hoje em Barroso, na saúde, na educação, na assistência social e na religiosidade, foi plantado exatamente há 52 anos, 8 meses e 18 dias, quando sob a inspiração de São Francisco de Assis, iniciava aqui em Barroso o profícuo trabalho das Irmãs Franciscanas, cujos frutos foram e continuarão sendo colhidos pelas várias gerações passadas, presentes e futuras.

A Congregaçaõ parte daqui, mas ficará aqui eternizada pelo trabalho realizado, não levando riquezas materiais, mas deixando aqui um patrimonial imaterial, por isto mesmo de valor infinito e que ficará em nossas mentes para sempre.

Inspirando-nos em Dante Alighieri quando disse que Giovani di Pietro di Bernardoni foi "uma luz que brilhou sobre o mundo", nós dizemos agora: "A Congregação das Irmãs Franciscanas foi uma luz que brilhou sobre Barroso"

Uma homenagem de gratidão do Instituto Nossa Senhora do Carmo.

                                         Antônio Maria Claret de Souza
                                                         

O Giovani citado no texto era o nome de São Francisco de Assis, defensor dos animais e do meio ambiente, que se encontra enterrado na Igreja situada na cidade de Assis, na Itália, a qual tive o prazer de visitar. Tendo vivido de 1082 a 1122, deixou o convívio de sua abastada família, tirou as vestes e os sapatos luxuosos para calçar a sandália da humildade e da caridade cristã. Dedicando-se à proteção dos animais e do meio ambiente, o mesmo que os seres humanos de hoje degradam e que a Rio+20 não deu respostas satisfatórias.

Um terno abraço para as Irmãs Franciscanas e que Deus as acompanhe em suas novas paragens para fazer o bem ao próximo.

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