Para que uma administração possa fazer um auto-avaliação de seu desempenho, normalmente ela se recorre a indicadores, focando na sua própria evolução ano a ano, ou em outros períodos. Uma outra possibilidade é comparar com outra organização congenere. Vamos entender a lógica da atenção à saúde hospitalar em Barroso comparando com o município de Carandaí. A comparação se justifica pelo porte quase idêntico dos municípios, pela proximidade, pela similaridade das economias, pelo porte dos hospitais das duas cidades, entre outras características relevantes.
No site do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (www.tce.mg.gov.br), em sua página institucional, são divulgados os números dos municípios mineiros, destacando as aplicações em saúde, educação, repasse à Câmara Municipal, despesas com pessoal, Créditos Orçamentários Adicionais, denominados Índices Constitucionais Legais, onde destaca também o Perfil Municipal, considerando o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, o Produto Interno Bruto - PIB, comparativo PIB e IDH, Receita Arrecadada e Micro e EPP. Os dados mais recentes disponibilizados pelo Tribunal são de 2011.
Utilizando os números divulgados pelo TCE, julgamos por bem comparar Barroso com a cidade de Carandaí, que tem um número ligeiramente maior de habitantes, mas que tem um Hospital do mesmo porte do de Barroso. Vamos aos números.
Na análise dos números o que mais chama a atenção são os gastos com a ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AMBULATORIAL, onde a Prefeitura Municipal de Carandaí gasta 1226% (mil duzentos e vinte e seis por cento) a mais do que a Prefeitura de Barroso. Naquele município os gastos com saúde rivalizam com os gastos em educação, atingindo 27% nos dois setores.
O título da matéria se ampara nestes números, pois o Instituto Nossa Senhora do Carmo, entidade mantenedora do Hospital de Barroso, pesa muito pouco para a Prefeitura, comparando-se com o Hospital de Carandaí. Considerando que os beneficiários do Sistema Único de Saúde demandam 90% dos serviços do Hospital, cuja remuneração cobre somente 60% dos custos dos serviços, podemos dizer sobre a ARTE (ou a teimosia) DE SE MANTER UM HOSPITAL em BARROSO, contra todos os poderes.
Os R$205 mil reais que a Prefeitura ficou devendo ao Hospital desde 2008 obrigou a entidade a recorrer a empréstimos bancários para garantir os seus compromissos com pessoal, fornecedores, encargos sociais e outros compromissos. Para saldar as parcelas do endividamento de R$850.000, fruto das citadas verbas não cumpridas, foi necessário realizar e estão sendo cumpridas religiosamente.
O impasse surgido com a Prefeitura, deveu-se à Lei 2414 aprovada pela Câmara em 2012, que garantiria o repasse de R$65 mil reais mensais, totalizando o valor anual de R$780 mil reais. Em função das dificuldades financeiras alegadas pela Prefeitura, somente será possível repassar o mesmo valor de 2012, ou seja R$540 mil reais, acenando com a possibilidade de cumprir totalmente a Lei 2414 se a arreação crescer.
Assim, para poder continuar cumprindo com os seus compromissos, o Hospital, que recebeu só na última quarta-feira os R$135.000 correspondentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2013, já pagou os plantonistas os meses de janeiro e fevereiro de 2013 e no início de abril irá pagar o mês de março de 2013.
Creio que a Prefeitura (ontem e hoje), deveria render graças a Deus pela existência do Instituto Nossa Senhora do Carmo, criador do Hospital em Barroso em 04 de outubro de 1959 e que pela competência, dedicação e comprometimento de sua administração, funcionários médicos e de sua Diretoria, exerceu ao longo desses 54 anos a "ARTE DE MANTER UM HOSPITAL", nessa pequena e apaixonante Barroso, apesar da falta de carinho e de compromisso dos administradores que pela Prefeitura passaram.