terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Discurso de 12 de Dezembro - Parte I




O discurso aqui reproduzido foi proferido pelo Vereador Tonho na oportunidade do aniversário da cidade (12 de dezembro de 2011) em reunião solene da Câmara Municipal realizada na Bahall Cultural. Na oportunidade foram entregues os títulos de Cidadão Honorário; Honra ao Mérito e Comenda Mário Bráz. O texto recupera o episódio da emancipação e é um relato de grande valor histórico para os novos, velhos e eternos barrosenses.


BARROSO - 58 ANOS



Barroso: 12 de dezembro de 1953, 12 de dezembro de 2011: Sou testemunha desses 58 anos de história, acompanhando o desenvolvimento econômico e social desta Barroso, cuja paixão habita o meu espírito e contamina o sangue que corre em minhas veias.

Barroso foi elevado à condição de Distrito de Paz em 1831, vinculado a Barbacena, passando a partir 1890 a pertencer a Prados, juntamente com o Distrito de Dores de Campos.

A partir de 1894 o Distrito de Barroso passou a pertencer a Tiradentes

Com a emancipação do Distrito de Dores de Campos, em 17/12/1938, pela Lei nº 148, em 1º/01/1939, o Distrito de Barroso foi anexado ao Município de Dores de Campos.

Bisneto de Joaquim Meireles, Vereador do Distrito de Barroso em Tiradentes, fundador da Banda de Música, pai de meu avô Arthur Napoleão de Souza, também Vereador e Presidente de Tiradentes na República Velha e pai de meu pai Geraldo Napoleão de Souza, líder da emancipação política de Barroso, como Presidente da Sociedade dos Amigos de Barroso, e seu primeiro prefeito, tenho o privilégio de reviver esta história, nesta reunião solene, que sem dúvida é das mais importantes que se realiza em Barroso, pois permite o resgate de valores que energizam para manter acesa a história e a cultura de um povo que habita estas montanhas nos Campos das Vertentes, cortado pelo Rio das Mortes.

Parafraseando a célebre frase do famoso mineralogista francês Claude-Henri Goicex, fundador da Escola de Minas em Ouro Preto quando se expressou: “Minas é um peito de ferro onde pulsa um coração de ouro”.

Em relação ao nosso município eu me expresso: Barroso é um peito de calcário coberto pelo manto da Mãe de Maria, herança da crença lusitana à Igreja de Roma, aqui plantada pelo português Antônio da Costa Nogueira, cujo corpo se encontra sepultado na Igreja da Piedade de Barbacena.

Foi ele que em 5 de março de 1729 garantiu um dote de 6 mil reis de renda anual para a manutenção da Capela de Nossa Senhora Santana, de sua devoção, construída no sítio chamado Barroso, com hipoteca do sítio para garantir o dote.

No meado do século 20, Padre Luiz Pároco da Paróquia de Santana, construiu a bela Matriz em estilo neo-gótico que juntamente com a Praça Santana, chamam a atenção dos presentes e dos visitantes.

A interpretação dos fatos históricos nos ajuda a compreender as razões de, nesta solenidade, estarmos homenageando muitos dos Senhores com os títulos de cidadãos honorários e o reconhecimento pelas ações meritórias de outros cidadãos que também em seus vários campos de atuação contribuem para o desenvolvimento de Barroso.

Desde os tempos distritais, soubemos acolher os migrantes, por entender que eles agregam valor à nossa história, contribuindo para o nosso desenvolvimento social e econômico.

Confirmando essa assertiva, basta observarmos a composição da Sociedade dos Amigos de Barroso que se formou em 1948, visando a sua emancipação, iniciativa frustrada pela mudança radical no cenário político da época e Sociedade reformulada cinco anos depois, em 1953, foram os seus componentes os verdadeiros PAIS FUNDADORES, que sob a liderança de Geraldo Napoleão conseguiram promover o desenvolvimento econômico de Barroso e sobretudo conquistando a sua autonomia político administrativa.

Além de Geraldo Napoleão que era filho de Barroso, integrava a comissão os barrosenses: José da Silva Pinto (Nhonho Pinto), comerciante, José Pio de Souza (Nenzinho), fazendeiro, José Augusto de Souza (Ziquita), prestador de serviços em sua oficina mecânica.

Completava a comissão três migrantes, Epifânio Barbosa, comerciante, Brasilino dos Reis Melo, industrial e o Silvano Albertoni, proprietário da Cerâmica Albertoni e oficial do exército italiano.

A conquista da emancipação político-administrativa não foi tão fácil. Com o apoio de Tancredo Neves, que era Ministro da Justiça de Getúlio Vargas, a Comissão foi recebida em Belo Horizonte pelo Dr Geraldo Starling, Secretário do Interior e presidente da Comissão de Divisão Administrativa e Judiciária do Estado.

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