Participei, no dia 11 de novembro de 2013, da reunião extraordinária da Comissão Especial da Expansão, realizada na Câmara Municipal de Barroso. Na mesma reunião, o representante da Mendes Júnior apresentou um minucioso relatório sobre a forma como conduz o pessoal da empresa, elencando as possíveis razões que levaram ao movimento que chegou ao extremo de incendiar vários alojamentos. Informou também que a empresa decretou um recesso aos trabalhadores, além de dispensar algumas centenas de funcionários para reorganizar a forma de alojar os mesmos, utilizando-se de hotéis e pousadas da região do entorno de Barroso.
Alguns participantes que presenciaram a reunião externaram a preocupação com a presença marcante dos trabalhadores da expansão nos bares, restaurantes e praças de Barroso, o que me levou a esta reflexão:
Não existe progresso se não houver a circulação da riqueza, que não avançará se não houver investimentos produtivos.
Investimentos como os que estão sendo realizados em Barroso trazem, sim, transtornos que precisam ser administrados, porém, isso deve ser feito sem que haja prejuízo para a expansão da economia local. Não se deve ter preconceito em relação aos trabalhadores, indispensáveis à construção da nova fábrica de cimento, pois são também seres humanos, vindos de longínquas regiões para construir esta nova etapa do nosso progresso.
Esta minha manifestação remete-me a 1948 e 1950... Neste período meu pai, Geraldo Napoleão de Souza, presidente da Associação dos Amigos de Barroso, batalhava pela instalação de uma fábrica de cimento no Distrito e entendia aquela ação como propulsora da emancipação político-administrativa do Distrito de Barroso, pela qual lutava.
Quando - em 1950 - chegou em Barroso o engenheiro Wagner Coutinho, a serviço do Senhor Severino Pereira, para avaliar as reservas de calcário com vistas à instalação da fábrica de cimento do Grupo Paraíso em Antônio Carlos, meu pai e seus companheiros convenceram o Dr. Wagner a orientar o Senhor Severino que seria melhor a instalação da fábrica em Barroso. Estavam naturalmente preocupados com o desenvolvimento econômico do Distrito, indispensável ao desenvolvimento social. Essa foi uma investida bem sucedida, com a decisão favorável do grande empreendedor que, em homenagem a Barroso, deu o nome ao cimento de CIMENTO BARROSO, o que ajudou a divulgar a pequena comunidade que acabou se emancipando de Dores de Campos em 12 de dezembro de 1953. A iniciativa foi, sem dúvida, alavancada pela grande expansão econômica que se instalava e que foi concluída em 1955.
Tendo por comparação a soma de 2.000 operários que chegam numa cidade de 20.000 habitantes para a expansão da Holcim, representando um crescimento momentâneo de 10% da população, imaginem a chegada de mais de 1.000 trabalhadores em 1950, para trabalhar no então Distrito de Barroso, que contava com pouco mais de 2.000 habitantes. Na época, a soma representou um crescimento de 50% em sua população!
Só mesmo visionários como Geraldo Napoleão de Souza e seus companheiros poderiam avalizar o marcante empreendimento, que mudou a história da pacata Barroso de 1950 para a pujante Barroso de 2013.
Dorenses, Pradenses, Sanjoanenses, Barbacenenses e ...(tantos outros), quantas famílias se constituíram em Barroso, formando uma geração miscigenada que enriquece esta cultura, própria de centros urbanos desenvolvidos, como o caso de Barroso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário