Em 15 de agosto de 1955 inaugurava-se festivamente a Fábrica de Cimento em Barroso, completando-se pois 60 anos desta história que transformou e continua transformando a vida econômica e social de Barroso.
Cumprindo um dever de justiça, reproduzo na íntegra este fato histórico, tirado do livro "Barroso, Subsídios para a História do Município", escrito por Geraldo Napoleão de Souza, páginas 93 a 95.
"Ocorreu em 1946, a primeira tentativa para montagem da Fábrica de Cimento em Barroso. O interessado era Américo Remé Gianete, conceituado industrial em Rio Acima, nas proximidades de Belo Horizonte.
Naquele tempo havia aqui a Sociedade dos Amigos de Barroso, que cuidava dos interesses da comunidade na fase ditatorial. A Sociedade, entusiasmada com a possibilidade da implantação de uma grande indústria na localidade, procurou dar ampla cobertura à pretensão de Gianete, dando ampla assistência aos seus prepostos nos trabalhos preliminares de avaliação da qualidade e da quantidade de calcário, e também o potencial hidrelétrico da região. As sondagens revelaram que Barroso oferecia condições ideais à indústria cimenteira. Passados alguns meses, Milton Campos assume a governança do Estado e Américo René Gianete é o Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio. No plano de recuperação econômica do Estado, estava prevista a implantação de uma fábrica de cimento. Para a execução desta parte do plano, constituiu-se a Indústria de Calcário S.A. Avolumaram-se as esperanças de que a futura indústria tivesse a sua sede em Barroso. Sem perda de tempo, Geraldo \Napoleão, \\Presidente da Sociedade Amigos de Barroso, e, Epifânio Barbosa, outro Diretor, dirigiram-se a Belo |Horizonte para entrevitar-se com o Secretário Gianete.
Encontraram-se com o Secretário, quando reivindicaram para Barros, mais uma vez, a Sede da Fábrica. Para decepção dos emissários barrosenses, o Secretário revelou que, por injunções de políticos barbacenenses, a fábrica iria para Sítio pretencente ao \Município de Barbacena. Informou que a matéria prima seria fornecida por Barroso, e que a energia elétrica seria conseguida através de barragem do Rio das Mortes, na Serra de Padre Brito, visando o retorno das águas até Sítio. Este plano mirabolante era de autoria do Engenheiro Paulo Rolf, muito conhecido dos mineradores da região.
O Secretário, como compensação, ofereceu aos emissários da Sociedade dos Amigos de Barroso, a possibilidade de instalação de moinhos de calcário em Barroso, para fins agrícolas. A oferta do Secretário não foi levada a sério e colocou-se ponto final nos entendimentos.
Em 1948 Sítio emancipou-se, tornando-se Município de Antônio Carlos. Os políticos de Barbacena desinteressaram-se da fábrica, e a "Indústria de Calcário S.A desintegrou-se.
Mais tarde, em 1950, o Grupo Severino Pereira da Silva, titular da Fábrica Paraíso, Estado do Rio de |Janeiro, manifestou intreresse pelos planos de montagem de uma fábrica em Sítio, com matéria prima de Barroso e energia elétrica de Santos Dumont.
Passando dos planos à ação, veio para Barroso a fim de realizar sondagens de materiais necessários \á produção de cimento, o engenheiro químico, Wagner de Carvalho Coutinho. Geraldo \Napoleão de Souza, Vereador à Câmara de Dores de Campos, representando o distrito de Barroso, entrou em contato com o emissário do Grupo Severino Pereira da Silva, a quem apresentou um memorial demonstrativo das vantagens de montagem da fábrica aqui, ao invés de Antônio Carlos. Aspectos positivos de localização de Barroso: o Grupo evitaria gastos astronômicos com transportes de matérias primas (calcário e argila); contaria com energia elétrica da CEMIG, que já estava construindo a Central Elétrica de Itutinga; possibilidade de isenção de tributos municipais por dez anos, além de outras vantagens menos significativas. O Dr. Wagner de Carvalho Coutinho mostro-se bem impressionado com a exposição de motivos e prometeu levar o memorial à consideração dos seus diretores.
Dias depois, uma notícia alviçareira: a fábrica viria para Barroso desde que se conseguisse um terreno com determinada área para a sua localização. Geraldo Napoleão, Epifânio Barbosa e Jayme Ladeira foram ao encontro de Faustino Soares de Almeida, e conseguiram dele o terreno necessário. Imediatamente foi lavfrada a escritura de promessa de compra e venda, funcionando Geraldo Napoleão de Souza como escrivão a-doc, na ausência do titular do cartório local. Houve necessidade de ampliação do terreno. Faustino Soares de Almeida concordou em ceder mais uma área de terra. Até a edificação da indústria, as pessoas acima mencionadas prestaram intensa colaboração aos prepostos do Grupo. No dia da escritura definitiva do terreno destinado à fábrica, o Diretor Paulo Mário Freire disse a Geraldo Napoleão, à porta do Cartório, que em agradecimento à cooperação dos barrosenses, a sua empresa teria o nome de Companhia Portland Cimento Barroso.
Iniciada a construção da fábrica em 1951, quatro anos depois, a 15 de agosto de 1955, era festivamente inaugurado o primeiro forno de Barroso. Pouco tempo depois entra em funcionamento o segundo forno. \O terceiro surgiria em 1962.
Demanda de cimento superando a produção induziu a Empresa a construir uma segunda unidade, equivalente aos três fornos em funcionamento. A segunda fábrica, se pode assim dizer, foi inaugurada em 1970, com a presença do Governador Rondon Pacheco, de Severino Pereira da Silva, Presidente da Empresa, do Bispo Diocesano D., Delfin Ribeiro Guedes, de autoridades estaduais e municipais e de numerosas pessoas gradas, visitantes, gente da cidade, funcionários e operários da Cimento Barroso."
Esta foi o relato de Geraldo Napoleão de Souza, testemunha e grande responsável pela concretização deste sonho, que agora com a ampliação da Holcim, esta gerando aproximadamente nove milhões de reais só de Imposto Sobre Serviços anuais, que tem permitido à Prefeitura realizar inúmeras obras com recursos próprios, transformando neste momento difícil do Brasil, num verdadeiro oásis no deserto dos municípios brasileiros que não tem nem mesmo recursos para pagar os seus funcionários.
Obrigado GERALDO NAPOLEÃO DE SOUZA e seus amigos, pois o seu legado fez, faz e ainda fará muita história no desenvolvimento econômico e social da dele e da minha apaixonante Barroso..